Noite de neve
A grande planície, branca, imóvel, sem voz.
Nenhum barulho ou som: toda vida está alheia.
Mas ouve-se às vezes, como uma morna queixa,
Algum cão perdido uivar no canto de um bosque.
Não mais canções no ar; sob nossos pés, não mais grama.
O inverno abateu sobre toda floração,
As árvores desfolhadas erguem do chão
Seus esqueletos álbidos como fantasmas.
A lua grande e fraca parece apressar-se.
Diria que tem frio no grande céu austero.
Com seu trépido olhar ela percorre a terra,
Vê tudo deserto e se lança a nos deixar.
E frios nos caem os raios que ela darda,
Clarões que ela vai semeando, reluzentes;
E a neve se ilumina ao longe, sinistramente,
Com os estranhos reflexos dessa luz pálida.
Oh! que terrível noite para os passarinhos!
Um vento gelado corre pelas estradas.
Eles, não tendo mais a proteção dos ninhos,
Não conseguem dormir sobre as patas geladas.
Nas grandes árvores nuas que cobre o gelo,
Eles estão lá, tremendo; nada os protege.
Com seu olho inquieto eles espiam a neve,
Esperando até o dia a noite que não veio.