Terror
NAQUELA noite li por horas certo autor.
Era meia noite e, de repente, um temor.
Temor de quê? não sei, mas um medo horrível.
Vi, ofegante e trêmulo de pavor sem fim,
Que ia acontecer alguma coisa terrível...
Então me pareceu sentir atrás de mim
Alguém que estava de pé, de quem a figura
Ria uma risada atroz, imóvel, maluca:
E eu não ouvia nada, entretanto. Ó tortura!
Sentir que abaixava para tocar-me a nuca,
E que ia pousar a mão sobre minhas costas,
E eu morreria ao ruído de sua voz! ...
Ele se inclinava sempre mais e mais perto;
E eu, pela salvação eterna, jamais por certo
Me moveria nem viraria a cabeça...
Como passarinhos, da tempestade presas,
Meus pensamentos giravam loucos de horror.
Um suor de morte gelava todo meu ser,
Nenhum ruído ouvia no quarto a não ser
O de meus dentes que batiam de terror.
Louco espanto: um estalo se fez de repente.
Tendo soltado dos berros o mais horrendo
Que já tenha saído de peito vivente,
Eu caí de costas, duro e sem movimento.